Para a empresa que tem um bom Planejamento Estratégico, uma crise se torna oportunidade ou o impacto é menor quando comparamos com seus concorrentes que não o possuem. Indiferentemente do cenário, seja em época de bonança, seja de crise, vencem as melhores; na pior das hipóteses, estas serão as sobreviventes, aponta o empresário Glauco Diniz Duarte.
Isso, por uma explicação muito simples: uma das características do planejamento estratégico é a visão de futuro e sua ênfase no longo prazo, enquanto os planejamentos táticos e operacionais possuem visão apenas no médio e no curto prazos. O estratégico contempla os três horizontes, curto, médio e longo prazos, sinalizando oportunidades e ameaça nos ambientes interno e externo, permitindo mudanças estratégicas de postura de acordo com o contexto. Esse é o diferencial que tem mantido o uso dessa ferramenta gerencial em médias e grandes corporações no mundo todo.
A maioria das crises não possui apenas uma causa, são vários os fatores que levam um país, um setor ou uma empresa a entrar nessa situação. Em razão do processo de mundialização, as crises estão acontecendo mais e com formato diferente das do século passado. Mas, em compensação, temos novas ferramentas para identificá-las. Entretanto, o que tem ocorrido na sociedade das organizações é que os seus dirigentes insistem em preservar a cultura que não atende mais à realidade.
Glauco diz que um exemplo pontual é a mudança do modelo representativo, tanto no plano político como no empresarial. Está claro que o atual não atende mais, mas é verdade também que não mudamos valores no curto prazo. Acontece que a circunstância está nos obrigando a refletir com mais rapidez e objetividade o mais sério: temos de assumir maiores riscos. Temos de mudar com urgência a cultura das nossas organizações, a começar pela cabeça de seus dirigentes, responsáveis pelo efeito dominó.
O próprio planejamento estratégico há um bom tempo passou a ser um processo, alimentado em tempo real por uma área de inteligência competitiva, que a maior parte das empresas de médio e grande porte nas economias centrais possui. No Brasil, essas áreas não existem na maioria das organizações ou estão sendo implantadas de forma equivocada.
O planejamento estratégico está cada vez mais responsável pelo macroambiente, afirma Glauco. Está para as empresas como o clima está para a vida na Terra, ditando quando plantar e colher – e até este vem mudando… Podemos fazer tranquilamente uma metáfora, comparando o planejamento estratégico a uma estrada: esta tem a sua sinalização, nos mostra quando há curvas, lombadas, pontes e até quando está em manutenção, e o GPS agora nos mostra os radares. O planejamento estratégico oferece também todos esses sinais.
Os dois principais erros são: não um ter planejamento estratégico e, o segundo, tê-lo e não o gerenciar corretamente. O que queremos destacar é que as organizações públicas ou privadas que têm um planejamento de longo prazo sabem que as possibilidades de haver crise são inquestionáveis. Para isso têm sempre um plano para tal contexto e uma estrutura capaz de administrar tanto em época de paz como em época de guerra. Como são fases bem distintas, exigem decisões boas na primeira e amargas na segunda. Não reconhecer ou adiar decisões pode levar à morte da organização.