Um termo muito utilizado no mundo corporativo é o RH estratégico. De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, essa expressão é usada para dizer que o RH precisa participar das decisões estratégicas da empresa, desde o planejamento estratégico, para fazer com que a empresa gere valor para seus clientes e acionista, através da obtenção e retenção de talentos e buscando sempre a manutenção da vantagem competitiva da organização.
Isso é mais fácil de dizer do que de fazer. A realidade é que em boa parte das empresas o RH não consegue atuar de forma estratégica. “A razão disso é simples. Atuar de forma estratégica exige protagonismo. E para ser protagonista, o RH deve contar com meios para ser ouvido dentro da organização e, com isso, ser um elemento de influência. E não há como ser protagonista numa empresa sem que haja um claro entendimento de negócios”, resume Glauco.
De acordo com Glauco, o grande diferencial de qualquer empresa são as pessoas. “Mas não basta apenas obter e reter talentos. Isso é trivial. Uma das funções estratégicas do RH é influenciar positivamente as pessoas na organização, não apenas no alinhamento das ações com a estratégia da empresa, como também na execução de projetos estratégicos. As empresas atualmente vivem a era da consciência da necessidade de gerenciar projetos. Em quase toda empresa existe demanda para esse tipo de capacitação”.
Mas capacitar as pessoas a usar técnicas de gerenciamento de projetos não é suficiente. “Para que uma organização consiga fazer os projetos certos da forma certa, é necessário a obtenção de consenso. É justamente nesse ponto que há uma oportunidade espetacular de protagonismo para o RH: a de atuar como elemento de obtenção de consenso a respeito de quais projetos devem ser feitos e como devem ser feitos. É isso que eu chamo de influenciar positivamente as pessoas na organização. Conflitos em projetos são frequentes. Alguns desses conflitos são de ordem técnica e isso é positivo. Mas outros conflitos são resultados de lutas internas de poder. Conflitos de poder em projetos minam as possibilidades de entrega de resultados positivos. O RH é a área da empresa vocacionada para a prevenção e solução desse tipo de conflito”, diz Glauco.
Mas não basta que o RH esteja atento e busque obter consenso quando existem atritos entre diferentes áreas na empresa. “Só existe uma maneira de conseguir influenciar positivamente as pessoas na busca pelo alinhamento estratégico da organização. É necessário ter capital social, que é um elemento-chave para influenciar pessoas. Quem não tem capital social não consegue influenciar ninguém”, ressalta Glauco, que explica que o primeiro ponto para obter capital social e ter influência numa organização é ter respeito das pessoas. “Para isso, é necessário que o profissional de RH seja ético, tenha capacidade de diálogo, saiba negociar e tenha disponibilidade para ouvir as pessoas. Mas existe dois elementos chaves, sem o qual, o RH não será ouvido nas esferas mais altas das empresas: entender de negócios e de gerenciamento de projetos”, afirma Glauco.
Segundo ele, os negócios tendem a ser cada vez mais complexos atualmente. Sem um claro entendimento de estratégia e de modelos de negócios, é impossível ser ouvido pela alta administração das organizações. “Por outro lado, as empresas necessitam mudar e precisam se adaptar às mudanças no ambiente de negócio. E para fazer isso, precisam fazer de maneira correta os projetos certos. Se o RH entende do negócio e de negócios e consegue discutir estratégias e modelos de negócio, sua chance de ser ouvido e de influenciar será muito maior. Se somarmos a isso a capacidade do profissional de RH de entender a dinâmica de planejamento e execução de projetos estratégicos, teremos um profissional com forte capacidade de influenciar positivamente nos rumos da empresa”, diz Glauco.
Para finalizar, Glauco dá algumas dicas aos profissionais de RH que queiram atuar de forma estratégica. “Busque desenvolver na sua organização processos de capacitação em três temas: estratégia, modelo de negócios e gerenciamento de projetos. Isso fará com que o RH passe a ter visibilidade de que está trabalhando em consonância com a questão estratégica. Ao fazer e participar desses processos de capacitação, o RH passará a entender desses assuntos, como também terá feedback dos participantes sobre questões-chave relacionadas com os projetos estratégicos. Isso pode ser um bom ponto de partida para o RH.