O empresário Glauco Diniz Duarte conta que a década após a segunda guerra mundial deu origem à “era da estratégia”, muito embora os princípios da estratégia militar remontem às civilizações gregas (330 a.C.), suas ligações com o campo empresarial eram tênues. O conceito de estratégia começou a ser usado em administração na década de 50 com o intuito de introduzir nas empresas uma nova perspectiva de futuro, por meio do conhecimento de onde e como expandir seus negócios e melhorar os níveis de desempenho. Surgia, assim, a aplicação do conceito de estratégia e, com isso, a utilização de uma visão de mais longo prazo nas organizações através de métodos analíticos.
Segundo Glauco, foi na década de 60 que o conceito de estratégia se popularizou no meio empresarial, de forma associada ao planejamento estratégico. Foi ele que iniciou efetivamente uma prática de olhar para o futuro e definir objetivos para as organizações, em função de um mundo de mudanças que começava a exigir reposicionamentos mais constantes na dinâmica de gestão das organizações. Inicia-se, assim, a introdução de métodos mais racionais e analíticos na criação de futuros alternativos às organizações, de modo a antecipar mudanças e direcionar as ações administrativas com base em tendências e objetivos específicos definidos no interior das empresas.
O enfoque da gestão estratégica, por sua vez, surgiu em meados da década de 70 para fazer frente aos grandes desafios do surgimento de uma época de mudanças de grande magnitude. A prática do planejamento estratégico tão somente não era mais eficaz para responder aos novos desafios que o contexto de mudanças velozes impunha às organizações. Algumas dimensões do planejamento estratégico, principalmente no que concerne às suas propostas racionais de análise antecipatória, passaram a ser questionadas. Contudo, consolidou-se nele, as suas perspectivas de contínuo, sistemático e contingencial, aceitando-o mais como um processo emergente de um conjunto de decisões e ações que levem ao alcance de objetivos organizacionais do que algo antecedente ao processo de implementação de estratégias.
Glauco destaca que diante dessa relativização do planejamento estratégico convencional, enquanto proposta racional de análise antecipatória surge o termo gerência estratégica inicialmente introduzida por Igor Ansoff, no início dos anos 70. Se o termo era novo, a ideia não o era, uma vez que se encontrava claro na literatura de planejamento estratégico produzida na década anterior. Contudo, poucos anos mais tarde, o próprio Ansoff consagrou o termo, inaugurando uma nova visão na administração, oferecendo uma perspectiva mais sistêmica da dinâmica de ajuste dos objetivos organizacionais, diferentemente da visão anterior do planejamento estratégico.
Porém, destaca Glauco, como novo paradigma na administração a gerência estratégica foi de fato apresentada nas obras de Charles Hofer e Dan Schendel e, posteriormente, aperfeiçoada como um novo marco para a gerência. Para esses autores, a gestão estratégica é um “processo de tratar a dimensão empreendedora da organização, sua renovação e crescimento, e, especialmente, desenvolvendo e usando de estratégias para guiar as operações da organização” (Motta, 1995:89).
Segundo Glauco, no campo da gestão o novo ponto de inflexão de uma nova perspectiva de olhar as organizações já se manifestou nos estudos e pesquisas sobre as organizações. O novo momento impõe um desafio ainda mais ambicioso – melhorar radicalmente o índice de acertos das iniciativas estratégicas e atingir o nível de renovação necessário para a execução bem-sucedida das ações organizacionais. Nesse sentido, seria interessante recorrermos à teoria da complexidade, que sugere a possibilidade de tratarmos as organizações como sistemas adaptativos complexos. A complexidade lida com um mundo que está longe do equilíbrio – um mundo criativo, imprevisível e de mudanças. Talvez essa seja uma referência importante para o desenvolvimento de novos insights sobre a natureza do trabalho estratégico na sociedade contemporânea.