O empresário Glauco Diniz Duarte afirma que não é de hoje que o Brasil é um dos países mais empreendedores do mundo. De acordo com o SEBRAE, 3 a cada 10 brasileiros adultos está envolvido com uma iniciativa de negócio próprio. Entretanto, o espírito empreendedor muitas vezes esquece-se de que planejar o empreendimento é fundamental.
Glauco afirma que pouquíssimas empresas conseguem executar a estratégia de modo a atingir os resultados planejados. “Os gestores se ocupam em fazer a operação e acabam não conseguindo pensar na estratégia. E a implementação de uma prática de gestão requer um esforço inicial significativo para criar um plano e implantar”, diz.
Mas, quais seriam os motivos que levam os empreendedores brasileiros a não desenvolverem uma cultura de planejamento? Glauco lista a seguir:
Falta de conhecimento
Imagine o seguinte cenário: Jorge, pai de família, mecânico, ficou desempregado. Com o dinheiro recebido do “acerto da empresa”, resolveu abrir sua própria oficina. Ele não tem conhecimento de gestão empresarial, sua expertise é consertar carros.
Ele conserta um carro hoje e sabe que ganhou 200 reais. Outro amanhã, mais 500. E assim por diante. O máximo que ele chega a fazer é um fluxo de caixa básico, anotando as entradas e saídas de dinheiro. Mas o negócio dá tão certo que ele começa a expandir, cresce desordenadamente até que se vê diante da necessidade de profissionalizar-se em gestão, contratar alguém para fazer isso por ele ou simplesmente ficar à mercê do mercado.
A falta de conhecimento é, muitas vezes, uma barreira para que as empresas planejem suas ações, no entanto, não tem sido um fator impeditivo para que as pessoas abram o próprio negócio.
Imediatismo
Sabe aqueles empreendedores que começam um negócio hoje e no mês que vem querem faturar alto? O imediatismo pode também ser um fator contributivo para a falta de cultura de planejamento no Brasil.
De fato, destaca Glauco, isso não ocorre somente em nosso país. Segundo pesquisa da Mission Facilitators, de 26 mil startups que foram à falência, 67% não tinham um planejamento estratégico estruturado e 86% dos executivos gastam menos de 1 hora por mês em planejamento estratégico. Ou seja, não estamos sozinhos nesta deficiência de visão de longo prazo.
O ideal é que os gestores de empresas dediquem o máximo de tempo possível para o planejamento de ações que contribuam para o atingimento dos objetivos do negócio, delegando as atividades operacionais a outros profissionais. No entanto, como sabemos, nem sempre é possível, devido às limitações de orçamento para contratações.
Falta de objetivos concretos
Boa parte dos empreendedores cria uma empresa por uma única razão: gerar rendimentos, isto é, obter lucro. Com a formalização dos MEIs, ficou ainda mais evidente a característica de subsistência familiar das empresas, em especial as micro e pequenas.
Quando o único objetivo é gerar lucro, perde-se de vista o potencial que a empresa tem para gerar valor para a sociedade, para incrementar a economia e trazer novas soluções para o mercado. E a razão de ser da empresa deixa de existir, ela também deixará de fazer sentido, o que significa que, quando as empresas deixam de dar lucro, elas são fechadas.
Neste sentido, falta ao empresariado brasileiro criar negócios para perseguir uma missão, um propósito. Quando este propósito é estabelecido, o empreendedor lutará com unhas e dentes para atingi-lo e, para tanto, passará a ter uma visão de longo prazo.
Consequentemente, o planejamento virá à tona como a melhor forma de alcançar o que se pretende.
Glauco explica que planejar é traçar o caminho mais curto até seus objetivos, definindo as prioridades do seu empreendimento, o direcionamento das suas ações e o alinhamento necessário para fazer com que seus funcionários também saibam qual é a missão da sua empresa. Quando pensar em partir logo para a ação, sem refletir sobre os possíveis caminhos, releia este artigo. Quem sabe você comece a ensinar seu cérebro que planejamento não é perda de tempo?