De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, a não ser que você queira ficar sem os dois, é importante entender a diferença entre eles.
Segundo Glauco, para a maioria das empresas, o termo PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO é uma verdade irrefutável e de extrema importância na continuidade do negócio (será?). Mais do que isso é, em grande parte das vezes, um evento anual com direito à hotel, camisetas, palestrantes motivacionais e um monte de outras coisas que nada tem a ver com estratégia.
O problema é que este termo foi tão explorado nas últimas décadas que acabou fazendo empresas pararem de refletir sobre a real importância de sua continuidade como processo.
Vamos fazer uma análise realmente crítica sobre o Planejamento Estratégico?
ESQUEÇA O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO (como assim?)
Por que fazer um Planejamento Estratégico? Glauco diz que a ascensão das organizações tayloristas (aquelas que iniciaram a administração científica no século XIX) fez as empresas entenderem (erroneamente) que um fator crítico para prosperarem seria ter a capacidade de prever seu futuro para o maior tempo futuro possível.
Ou seja, quanto mais tempo conseguissem prever do futuro que viria, maior a probabilidade de sucesso do negócio. Acontece que mesmo com técnicas avançadas de prognóstico, nunca foi possível as empresas preverem com precisão o que aconteceria em seu mercado e nem mesmo traçar ações concretas para o que conseguiam prever. Isso nunca funcionou bem!
O problema foi que as empresas começaram a reagir aos mercados de incerteza com cada vez mais planejamento, sem considerar o que agregavam de real estratégia à este planejamento. Estratégia e planejamento são coisas diferentes, e poucas empresas realmente entendem a importância de separar os dois.
ESTRATÉGIA, NÃO SÓ PLANEJAMENTO
Henry Mintzberg, um dos maiores pensadores sobre estratégia de todos os tempos, não cansava de falar que PLANEJAMENTO e ESTRATÉGIA nunca combinaram bem.
Segundo Glauco isso acontece porque ESTRATÉGIA significa um pensamento criativo e livre de regras lógicas para imaginar e aplicar formas de tornar alguma coisa real. Já o PLANEJAMENTO pressupõe um pensamento sistemático e cheio de regras utilizadas para criar uma trilha de implementação lógica de algum processo.
Vamos entender melhor?
Planejamento Estratégico é um oximoro (leia-se: figura em que se combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente). A maioria das organizações acabam minando o pensamento criativo sobre estratégia ao colocar um processo formal de criação da estratégia, seguindo etapas, regras, documentos, formulários, auditoria, etc.
O pensamento estratégico, no cenário ideal, deveria fluir de maneira linear em toda a organização, e não se resumir a um evento anual que reúne um grupo seleto de pessoas da empresa que muitas vezes pouco entendem realmente sobre estratégia.
PREFIRA OLHAR PARA JANELA AO INVÉS DO FUTURO
Algumas gigantes possuem frases do tipo: “Nós não somos espertos o suficiente para prever o futuro, então vamos nos tornar melhores em reagir a ele” (General Electric) ou “Em vez de fazer suposições sobre o futuro, preferimos entender o presente” (Handelsbanken).
Glauco explica que estas empresas entenderam que vivem em um mercado volátil e prever o futuro é uma atividade de pouco valia se não souberem reagir ao presente. Muitas empresas já perceberam que entender o presente e saber reagir a ele é mais importante e possível de criar ruptura em um mercado do que fazer previsões e prognósticos futuros.
UMA ABORDAGEM DIFERENTE DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Segundo Glauco em organizações que pensam de maneira ágil, o planejamento estratégico é substituído por duas coisas: pensamento estratégico e diálogo estratégico constantes.
Ao invés de tornar o planejamento estratégico um evento anual, estas empresas criam ações autodeterminadas e descentralizadas entre as pessoas para deixar a estratégia fluir em uma linha de criatividade e execução contínua. Todos podem pensar e dialogar sobre a estratégia.
As empresas que adotam um novo tipo de modelo não se preocupam em separar as pessoas que criam a estratégia (pensadores) das pessoas que praticam a estratégica (operadores). O pensamento estratégico é inserido como uma rotina social integrada ao cotidiano com diálogo estratégico mútuo baseado na tomada de decisão compartilhada.
O processo de migração não é simples! Ele exige uma escolha de um novo sistema organizacional (em nossos projetos nós usamos o OKR combinado com recursos de gamification) e empoderamento de pessoas para prática constante do pensamento e diálogo sobre estratégia.
Independente da forma a ser utilizada, a ideia é repensar a forma de criação e execução do seu planejamento estratégico. Melhor ainda, implementar formas de disseminar e compartilhar o pensamento estratégico entre as pessoas da sua empresa.