GLAUCO DINIZ DUARTE Governança Corporativa: o que é, importância e como aplicar
A governança corporativa representa uma oportunidade de evolução na gestão de empresas – e na sua não é diferente.
Todos os caminhos apontam para uma nova visão, mais de acordo com o nosso atual mercado, competitivo e globalizado.
Só compete nesse jogo quem se adapta às regras.
E elas incluem valores muito especiais, como transparência e confiança.
Adquira uma visão sistêmica sobre os processos ligados à governança corporativa e à ética empresarial, com conceitos, ferramentas e técnicas essenciais
A governança corporativa nas empresas é a chave-mestra para o sucesso, para o reconhecimento e para a longevidade de qualquer negócio.
Indica uma cultura de boas práticas de gestão que faz a diferença e contribui para bons resultados.
Afinal, o mercado está o tempo todo de olho nisso: nas condutas, decisões e relações das instituições com os seus públicos de interesse.
Quem se destaca em boas práticas de governança corporativa tem maior valor.
Mas quais são elas? E os seus princípios?
Que relação o assunto possui com o compliance nas empresas?
O que é preciso para praticar a liderança corporativa?
Vamos abordar a partir de agora um tema estimulante, de extrema importância e que pode motivar você ainda mais na carreira.
Quer saber tudo sobre governança corporativa?
Então, siga a leitura ou desça até o tópico que você deseja ler:
O que é governança corporativa?
Qual o conceito e os princípios da governança corporativa?
Por que seguir as boas práticas da governança corporativa?
Onde e como implementar a governança corporativa?
A importância da gestão empresarial e boa governança em empresas cada vez mais globais
O que é compliance?
A necessidade de formar líderes com ciência dos princípios da governança corporativa.
O que é governança corporativa?
Governança corporativa é um processo que determina a maneira como a empresa é administrada, o que se reflete na sua cultura, políticas e regulamento interno.
Ela visa à excelência em gestão e em estratégia empresarial.
Em resumo, podemos dizer ainda que se trata da forma com que as empresas são dirigidas e controladas. A essência da governança corporativa está na transparência, havendo clareza quanto aos seus atos tanto para o público interno quanto externo.
Interessante observar que esse é um dos valores mais importantes de uma instituição atualmente, seja ela qual for, o que é próprio de um mundo cada vez mais aberto e globalizado. Não por acaso, a expressão governança corporativa adquire evidência e interesse crescentes.
Tanto é assim que mais e mais organizações, dia após dia, se interessam por seguir os seus preceitos.
Também cabe destacar a relação direta da governança corporativa com o modo como uma empresa compete no mercado.
“No mundo dos negócios, o jogo é duro, mas é na bola, e não na canela”, diz Fábio Colletti Barbosa, administrador e conselheiro de grandes empresas.
Com essa metáfora, ele traduz a base da governança corporativa: um jogo limpo – também conhecido como fair play.
E, assim como no futebol, não é só quem está em campo ou, no caso, na linha de frente, como os gestores ou líderes, que precisa dominar as boas práticas da gestão. Em um negócio, cada funcionário tem sua importância para fazer o processo dar certo.
Mas, primeiramente, você precisa entender os princípios que regem uma gestão corporativa.
E é sobre eles que vamos falar agora.
Qual o conceito e os princípios da governança corporativa?
Para conceituar de forma adequada, vamos pegar carona no Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), que assim define essa forma de gestão nas empresas:
“Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”.
Perceba que, como já havíamos destacado, não estamos falando de uma iniciativa pessoal, tampouco limitada ao âmbito individual.
A governança corporativa é um compromisso da organização e, como tal, depende do esforço coletivo.
Isso aparece de maneira marcante em cada um dos seus quatro princípios. Vamos ver agora o que cada um deles significa:
Transparência
Ao informar fatos, sejam eles positivos ou negativos, as empresas criam uma rede de confiança tanto interna (com seus colaboradores) quanto externamente (com os stakeholders).
Equidade
Esse princípio nada mais é do que o tratamento igualitário de todos os sócios e partes interessadas das organizações.
Prestação de contas
É quando os agentes da governança mostram as consequências de seus atos, das tomadas de decisões, ou mesmo das omissões.
Responsabilidade corporativa
Mais abrangente, esse princípio valoriza a sustentabilidade – de ordem social e ambiental – da organização, visando a sua longevidade.
Agora que você já sabe o que rege a governança corporativa, entenda, a seguir, a importância de se adotar boas práticas pautadas nesse conceito e seus princípios.
Por que seguir as boas práticas de governança corporativa?
Adotar a governança corporativa no seu negócio não significa administrar conforme a maré.
Afinal, não é por que uma empresa segue uma determinada linha com sucessoque as demais alcançarão os mesmos resultados.
Você deve considerar esse sistema pelos benefícios que ele pode trazer à sua organização.
O que acontece, na prática, é que as ações de governança corporativa têm potencial para transformar os princípios já citados em atitudes que facilitam o acesso ao capital e contribuem para a longevidade das empresas.
Como destaca o IBGC, em seu Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, ocorre um alinhamento de interesses, objetivando preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da organização, o que contribui para a maior qualidade de gestão.
Precisa de exemplos mais específicos?
Dê só uma olhada nesta relação com algumas das principais vantagens do modelo de gestão:
Maior visibilidade de mercado
Prevenção de problemas, erros e fraudes
Facilidade na captação de recursos
Redução do custo do capital
Melhor desempenho operacional
Controle do abuso de poder, uma vez que as decisões não estão na mão de uma só pessoa
Evita o conflito de interesses
Impede o uso de informação privilegiada por poucos interessados.
Perceba que muitos avanços possíveis representam soluções para dores comuns a qualquer negócio.
O aspecto financeiro, por exemplo, que costuma ser o calcanhar de Aquiles especialmente em empresas novatas no mercado, é privilegiado pelas ações de governança corporativa.
É inegável que uma gestão austera e transparente contribui para dar o melhor destino ao capital do negócio, facilitando ainda a atração de investimentos e outras fontes de recursos externos.
Como a boa governança cria valor para as organizações?
A partir de um ambiente de respeito às regras convencionadas, a gestão corporativa fomenta valores importantes, cujos reflexos aparecem dentro e fora das organizações.
Talvez o principal deles seja a confiança.
Ela pode ser um motor que atua tanto na motivação e produtividade das equipes, quanto no apoio de sócios e acionistas e no interesse de investidores, além de repercutir na sua própria competitividade da empresa no mercado.
Lembrando novamente da perspectiva de longo prazo, que é um dos pilares da governança corporativa.
Ao incluir o público interno, o ambiente e a sociedade, esse é um diferencial importante para alcançar a sustentabilidade do negócio.
Sem ela, como você deve saber, não há boa ideia que sobreviva e uma promissora empresa pode ter sua continuidade abreviada diante da primeira crise.
Onde e como implementar a governança corporativa?
Em primeiro lugar, será que a governança corporativa cabe na sua empresa?
A questão é pertinente, afinal, as pioneiras na adoção desse modelo de gestão foram as companhias de capital aberto.
São aquelas que negociam ações na bolsa de valores, por exemplo.
Para que seus acionistas tenham rendimentos interessantes, é importante que a organização conquiste não apenas bons resultados financeiros, mas preze por valores como ética e transparência.
Qualquer notícia negativa sobre ela derruba o preço de suas ações e, por consequência, seu valor de mercado.
Mas isso não significa que a governança corporativa se distancie das médias e pequenas empresas (PMEs).
A verdade é que qualquer negócio se beneficia de seus princípios, como já exposto.
É claro que alguns terão vantagens adicionais em razão não apenas de seu porte, como de características do seu modelo de atividade.
Mas como dizer que uma microempresa não sai ganhando ao se credenciar a atrair investimentos, ao melhorar seu desempenho operacional e a tornar seus processos mais transparentes?
É por isso que, sem medo de errar, podemos afirmar que qualquer negócio pode – e deve – implantar a governança corporativa.
A questão agora é: como? Vamos explicar agora.
3 passos para promover a governança corporativa na sua empresa
O desafio da implantação da governança corporativa em uma empresa parte do fomento a uma nova cultura.
Pode ser preciso promover mudanças, se não de valores, ao menos de atitudes. A forma antiga de conduzir a organização deve ser abandonada, se não por completo, ao menos parcialmente.
Você está preparado para dar esse passo?
Se a resposta for sim, siga estas três etapas iniciais:
Definição de uma hierarquia
É preciso deixar claro quais são as pessoas que exercem os papéis de liderança nas organizações.
Os colaboradores devem saber exatamente a quem recorrer para alinhar suas expectativas, definir tarefas e elencar prioridades.
Quando houver algum impasse, quem está no comando precisa assumir o compromisso de tomar a decisão final.
Não é uma tarefa a delegar.
Realização de reuniões
As reuniões entre sócios, equipes e conselhos devem ser agendadas de forma periódica.
É o momento ideal para repassar diretrizes, definir o plano de ações e acompanhar o andamento dos atuais projetos.
Garanta com que esses encontros sejam registrados em ata.
Criação de um conselho consultivo
O conselho consultivo deve ser formado por profissionais experientes e de confiança.
Idealmente, terá de 3 a 5 componentes.
Eles vão trocar experiências e dar sugestões para qualificar a gestão da empresa.
Direitos e deveres das lideranças empresariais: a responsabilidade de cada um
Na governança corporativa, há uma estrutura hierárquica que define e relacionamentos e responsabilidades de conselheiros, executivos, colaboradores e acionistas.
Essa forma de gestão exige tempo, dedicação e comprometimento de líderes para alinhar todos os níveis de uma organização.
Conselho de Administração: principal elo entre os sócios e a diretoria, que inclui acionistas, deve definir as políticas de relacionamento com as outras partes interessadas
Diretoria executiva: deve implementar tais políticas com foco na gestão estratégica
Colaboradores: devem cumprir com as regulamentações.
A importância da gestão empresarial e boa governança em empresas cada vez mais globais
As empresas que você admira pela eficiência têm algo em comum: elas aplicam, ao mesmo tempo, a boa gestão empresarial e a governança corporativa.
São conceitos relacionados, mas com diferenças pontuais.
Enquanto a gestão empresarial compreende a tomada de decisões dentro de uma organização, a governança corporativa é o conjunto de regras e práticas que garantem o cumprimento dos seus deveres.
Há uma sinergia inegável entre esses dois processos.
Em um mundo empresarial globalizado, com grande fluxo de informações, o ambiente empresarial é altamente competitivo e conta com a participação de diversos interessados.
Entre eles, podemos citar:
Acionistas
Executivos
Funcionários
Fornecedores
Clientes
Sociedade.
Diante de um cenário diversificado e complexo, torna-se fundamental a adoção de boas práticas da governança aliada à boa gestão empresarial.
Faz sentido, não faz?
Mas como isso se reflete no ambiente da empresa?
A importância de entender o ambiente de governança
O ambiente da governança corporativa não está restrito às lideranças, como já destacado. Tampouco se resume a personagens internos.
Dependendo da empresa em questão, pode envolver conselhos, auditores e agentes reguladores.
Isso sem falar no atendimento irrestrito à legislação que rege o mercado de capitais, o que é próprio das empresas com ações na bolsa.
Cada elo desempenha um papel específico.
Esse entendimento é imprescindível para o sucesso da estratégia e seus reflexos positivos na condução do negócio.
Vai além das atividades operacionais às quais a empresa se propõe.
Para que os benefícios que o modelo proporciona sejam alcançados, é preciso ser fiel às diretrizes – e o mercado está de olho nisso.
A responsabilidade é inegável, contudo, o gestor não está sozinho no desafio.
Internamente, quem ocupa o papel de maior destaque é o conselho de administração, que é um órgão colegiado, encarregado do processo de decisão em relação às estratégias.
Ele é conhecido como o guardião dos princípios, valores, objeto social e do sistema de governança da organização.
Atua, portanto, também para garantir a estabilidade no ambiente.
Mas e quando as coisas fogem do controle?
Em momentos de crise, o que muda na sua abordagem quando a governança corporativa está implantada?
Como lidar com as crises na governança corporativa?
Toda empresa está sujeita a instabilidades, crises e conflitos.
A governança corporativa tem na prevenção dessas ocorrências um de seus reais benefícios.
Contudo, não há como assegurar a manutenção de um cenário saudável quando o negócio está sujeito a imprevistos de todos os tipos e origens.
Por outro lado, quando eles se confirmam e a crise se instala, esse modelo de gestão se revela como o mais propício para reduzir os impactos e reverter o ambiente sem que ele evolua ao caos.
A governança corporativa é, definitivamente, um meio de superar os desafios da atualidade, inclusive do ponto de vista econômico.
Afinal, em um cenário instável, as boas diretrizes de gestão são fundamentais para minimizar influências externas sobre o desempenho interno.
Mantendo-se transparente e inspirando confiança em todas as direções, a tarefa de lidar com as crises se torna facilitada.
Mas o desafio é o mesmo em qualquer empresa: manter a calma, seguir em frente e identificar nos cenários mais difíceis as melhores oportunidades para seguir crescendo.
O que é compliance?
Governança corporativa e boa gestão empresarial se completam com uma estratégia de compliance. Você sabe o que o termo significa?
Em uma tradução livre para o português, compliance é conformidade.
Mas não se trata de seguir normas técnicas na fabricação de produtos. A tal conformidade, nesse caso, significa obedecer às regras legais, morais e éticas do país, o que ganhou força a partir da publicação da Lei Anticorrupção, em 2013. A correção dos atos de uma empresa, portanto, é o que norteia o compliance.
Inegavelmente, portanto, a estratégia contribui para fortalecer a imagem da companhia, na medida que aponta para a seriedade e compromisso na condução de seus processos.
Podemos sintetizar que a governança corporativa foca na ética (imagem que passa aos stakeholders) e o compliance na transparência das atividades, mantendo-se distante de qualquer ilicitude. Os dois valores são imprescindíveis para garantir a integridade das empresas.
A necessidade de formar líderes com ciência dos princípios da governança corporativa
Agora, vamos falar daquele que talvez seja o maior desafio da governança corporativa: o capital humano. As pessoas são a peça-chave para o funcionamento do processo.
Obviamente, se espera delas motivação e envolvimento, mas sobretudo capacidade, competências e habilidades essenciais para esse modelo de gestão. Como você já deve ter notado, a responsabilidade maior recai sobre os líderes.
Sem boas lideranças, pouco se pode esperar dos liderados. É por isso que essa é uma preocupação que precisa ser enfrentada na base, na formação de executivos.
O próprio IBGC destaca, no seu código já citado, que os administradores devem buscar “aprimoramento constante das suas competências para aperfeiçoar seu desempenho e atuar com enfoque de longo prazo no melhor interesse da organização”.
Sem investir na educação continuada, a governança corporativa pode ter seus efeitos limitados.
Cursos de governança corporativa: o que procurar neles?
Sim, você pode (e deve) se aperfeiçoar no tema através de cursos de pós-graduação, como especialização, mestrado e MBA.
Como já dito, esse aprendizado capacita profissionais a posições de liderança, lembrando que é do gestor que se espera a condução das ações com base em uma estratégia de governança corporativa.
São tópicos inseparáveis desse tipo de qualificação:
Como aplicar a governança corporativa?
Quais são as melhores práticas e estruturas?
Como implantar os processos?
Quais conceitos da gestão corporativa no mundo atual?
Qual é o impacto para as empresas?
Se você quiser aprofundar mais os conceitos e as ferramentas para a melhoria do processo decisório nas organizações, tornando-se um expert em governança corporativa, pode optar por um curso de pós-graduação ou MBA.
E a FIA (Fundação Instituto de Administração) tem a opção certa para você.
Conheça nosso MBA de Gestão de Riscos de Fraudes e Compliance, uma excelente opção para a sua qualificação profissional.
Conclusão
Você viu neste artigo que a governança corporativa está entre os mais importantes desafios da gestão moderna nas empresas. A busca de um valor sustentável, no longo prazo, de acordo com os requisitos éticos e legais, é o que se espera de qualquer que seja a organização.
E as dificuldades crescem à medida que o negócios se tornam cada vez mais complexos.
É preciso conciliar os interesses de todos os envolvidos nesse processo: tanto os que afetam quanto os que são afetados pela conduta organizacional. Com foco no desempenho sustentável e sólido, a boa governança corporativa garante um ambiente empresarial justo e transparente.
Como dito no início deste texto, a ideia é a de um time que entre na competição movido pelo fair play.