GLAUCO DINIZ DUARTE Bosch trabalha em tecnologia para táxis voadores
O colapso da mobilidade urbana e o trânsito nas grandes cidades abriram caminhos para novas soluções de economia compartilhada que, embora tenham entrado no radar de consumo, não resolveram completamente os dilemas de tráfego. O céu surge como uma alternativa viável para o congestionamento nos próximos anos, de modo que já existem projeções sobre o tema em um futuro não muito distante. Embora a ideia se pareça com uma reflexão presente na série Black Mirror, ela não está muito longe de se concretizar.
No ensejo dessa discussão, o Boston Consulting Group estima que em 2030 o número de voos por novas modalidades em todo o mundo deve aumentar consideravelmente, de modo que os táxis voadores – solução que deve aparecer por operadoras de car sharing –, serão uma grande tendência desse setor. A figura do motorista também se tornará cada vez mais obsoleta, de maneira que os táxis aéreos serão capazes de operar sem pilotos.
A Bosch, empresa alemã presente no Brasil desde 1954, atualmente trabalha em uma tecnologia baseada em sensores inteligentes que buscam tornar esse voos seguros, confortáveis e eficientes. “Os primeiros táxis voadores deverão sobrevoar os céus das principais cidades a partir de 2023. O objetivo é que a Bosch assuma um papel de liderança na formação deste mercado”, destaca Harald Kröger, presidente da divisão Bosch Automotive Electronics.
A projeção do mercado de viagens por meio de táxis aéreos é promissora. Voos de teste estão programados inicialmente para cidades como Dubai, Los Angeles, Dallas e Singapura ainda em 2020.
Consultores da Morgan Stanley estimam que esse mercado pode chegar ao faturamento de 1.35 trilhão de euros (1.5 trilhão de dólares) até 2040, expandindo-se para além dos Estados Unidos e sudeste da Ásia, incluindo grandes e médias cidades na Alemanha. Marcus Parentis, chefe da equipe de tecnologia da Bosch, responsável pelas unidades de controle incorporadas no projeto, acredita que esse mercado deve oferecer boas oportunidades.
“Estamos conversando com fornecedoras de táxis aéreos dos setores aeroespacial e automotivo, assim como startups que constroem veículos aéreos e que estão procurando fornecer serviços de compartilhamento”, diz o executivo. “A questão não é se os táxis voadores se tornarão realidade, mas quando”, acrescenta.
Como estratégia para liderar a materialização desses planos, a empresa identificou um vácuo nesse mercado e elencou engenheiros para trabalhar no desenvolvimento de sensores úteis no controle universal voltado para táxis voadores. Os monitores de aceleração e taxa de viagem, que aferem os movimentos dos veículos voadores, e o ângulo de evolução, estão entre as possibilidades de sensores que permitem recolher informações para que isso se materialize.
Na contramão dos sistemas que operam na indústria aeroespacial, que apresentam custo muito elevado em comparação com os projetos de mobilidade urbana, a Bosch criou uma estratégia que permite usar sensores com custo muito menor. “Através da solução da Bosch, pretendemos tornar a aviação civil com táxis voadores acessível a uma vasta lista de fornecedores”, explica Parentis.