Glauco Diniz Duarte Empresa – etanol é energia renovavel
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, o uso do etanol como combustível traz vantagens em diferentes aspectos. Entre as suas grandes qualidades, está o fato de ele ser renovável, limpo e autossustentável. Isso confere ao combustível diversas vantagens.
Redução de poluentes
Segundo dados IEA (Agência Internacional de Energia), a utilização de etanol produzido através da cana-de-açúcar reduz em média 89% a emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa – como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (NO2) – se comparado com a gasolina. O etanol de outras fontes também contribui à diminuição do problema, porém em menor escala, sendo 46% a redução do etanol produzido por beterraba e 31% no etanol de grãos.
O efeito estufa causa elevação da temperatura do planeta, o que contribui ao derretimento das calotas polares e consequentemente, o aumento do nível dos oceanos e maior propensão do planeta a fenômenos como tufões, furacões e maremotos. A emissão de alguns gases por combustíveis fósseis tem sido um dos grandes causadores do aumento do efeito estufa, sendo por isso mais vantajoso a utilização de biocombustíveis como o etanol.
Em todo o ciclo do combustível o etanol lança menos C02 à atmosfera pelo fato dele ser extraído da cana-de-açúcar. Durante a fotossíntese, as plantas absorvem o gás carbônico da atmosfera, acarretando que quase todo o gás seja absorvido pela própria cana. Em combustíveis fósseis, é lançado o CO2 extraído da terra (petróleo), ocasionando um aumento do teor desse gás presente na atmosfera.
Além dos gases do efeito estufa, gasolina e diesel também lançam ao ar quantidades maiores de substâncias nocivas à saúde humana. Os combustíveis são os grandes responsáveis pela emissão de poluentes como óxidos nitrosos (NO e N2O), que formam o ozônio (O3) e monóxidos de carbono (CO). O ozônio formado pelos óxidos nitrosos, por exemplo, causa desconforto respiratório, irritação nos olhos e envelhecimento precoce, enquanto o CO diminui a oxigenação no sangue podendo causar vertigens e tonturas. O álcool também lança essas substâncias, porém em quantidades menores, visto sua combustão no motor do automóvel ser muito maior.
Por possuir cadeias longas de hidrocarbonetos em suas composições, a gasolina e o diesel lançam à atmosfera outros compostos, como o benzeno (C6H6), altamente cancerígeno, além de dióxido de enxofre (SO2), que provoca graves danos pulmonares, além de ser responsável pelas chuvas ácidas. Tendo cadeias maiores de hidrocarbonetos, o diesel é o combustível veicular mais poluente, seguido da gasolina.
Entretanto, as características do etanol por si só não garantem que ele polua menos que os outros combustíveis. A tecnologia empregada no veículo é um fator importantíssimo à diminuição do nível de substâncias nocivas lançadas à atmosfera. Por isso, carros novos movidos à gasolina geralmente são menos nocivos que carros velhos movidos a álcool. Além disso, carros com motor flex (que aceitam gasolina e etanol), costumam a ser melhor adaptados à queima do combustível fóssil, ocasionando que a poluição seja praticamente a mesma, e em alguns casos até menor da gasolina em relação ao álcool.
Sustentabilidade
Estima-se que em meados desse século estarão extintas todas as fontes de petróleo já descobertas. Mesmo que surjam novas fontes, é fato que um dia o petróleo acabará, e consequentemente não mais existirão combustíveis como gasolina e diesel. Com o etanol, entretanto, não há limite de tempo para sua existência. Sendo utilizado pela humanidade há milhares de anos antes de Cristo, bastam apenas terras agricultáveis para que se plante a cana-de-açúcar e outros insumos capazes de produzir o álcool.
Bioeletricidade
Um outro grande benefício do etanol é que sua produção também gera outras fontes de energia. O bagaço e a palha, substratos da cana-de-açúcar com enorme poder de calorífico, produzem vapor que é transformado em energia térmica, mecânica e elétrica, chamada de bioeletricidade devido a sua matéria prima ser produtos orgânicos. A eletricidade é utilizada para abastecer a própria usina (que chegam a quase 100% de auto sustentabilidade) e seu excedente pode ser vendido ao sistema elétrico brasileiro.
Segundo dados da Conab, a safra 2009/10 da cana-de-açúcar produziu cerca de 20 mil MWh (megawatts hora) de eletricidade, com pouco mais de 7 mil comercializados. Essa quantidade seria suficiente para abastecer aproximadamente 28 milhões de lares brasileiros, levando em conta o aproveitamento total da energia vendida pelas usinas. Dados da Conab de outubro de 2010 indicaram que a eletricidade proveniente de cana-de-açúcar representou 5% de toda produção energética nacional, e 90% de toda energia bioelétrica.
O Brasil vem gradativamente usando matrizes energéticas alternativas à energia hidráulica, cada vez mais questionáveis devido aos impactos ambientais e à baixa produtividade. A produção anual de bioeletricidade da cana-de-açúcar já supera, por exemplo, a geração elétrica de Belo Monte, que produziria em média 4,5 mil Mh de energia. Há estimativas que, até 2021, a bioeletricidade consiga produzir energia equivalente a três usinas de Belo Monte.
Entretanto, é ainda muito elevado o custo da produção de bioeletricidade, o que torna pouco viável a sua consolidação como energia. Uma saída possível seriam maiores incentivos governamentais em relação à carga tributária, investimentos em infraestrutura e um novo cálculo do preço comprado pelo governo.
Economia brasileira
O Brasil possui características agrícolas que tornam extremamente viável a cultura do produto. Mesmo sendo o maior produtor mundial de etanol da cana-de-açúcar, e segundo maior de álcool, perdendo para os Estados Unidos, as terras cultiváveis no Brasil destinadas ao produto representam apenas 1% de toda área agricultável. Com o dobro dessa área, o país poderia abastecer toda a sua frota de veículos leves com o etanol.
Além disso, o país já possui uma experiência de mais de 30 anos na produção do álcool (desde o Próalcool, em meados da década de 70), enquanto a maioria dos países têm pensado na utilização do combustível bem recentemente. Isso faz a nação ter a melhor tecnologia de produção do combustível, que tem na cana-de-açúcar a melhor matéria prima entre todos os vegetais. O Brasil é o único país do mundo em que a utilização do álcool supera a da gasolina.
Com o uso cada vez maior do álcool anidro ao redor do mundo, o Brasil pode cada vez mais melhorar sua economia com a exportação do produto.
Desempenho do motor
Uma das maiores vantagens do desempenho do etanol em relação à gasolina deve-se ao fato dele possuir uma maior resistência à auto detonação, característica conhecida como octanagem. Por estarem submetidos a elevadas temperaturas e pressão dentro do motor, os combustíveis podem explodir de forma não controlada, causando um barulho característico conhecido como batida de pino. Com o passar do tempo, essas detonações podem prejudicar o rendimento do motor, ou até mesmo estragá-lo. Por possuir maior octanagem, o álcool se torna mais resistente à detonação. A octanagem do etanol comum é de 110, enquanto a da gasolina é de 87.
Uma outra vantagem do etanol é em relação à potência do motor. O álcool possui uma massa específica maior em comparação à gasolina. Isso faz com que ele fique mais comprimido dentro do motor, o que ocasiona em um aumento de potência. Em média, carros a álcool são 2% mais potentes que os a gasolina, porém dependendo do modelo essas diferenças podem ser nula ou chegar a quase 9%.
Em relação ao rendimento em quilometragem, a vantagem depende do preço pago pelo combustível. O etanol rende, em média, 70% do que rende a gasolina (um carro flex que ande 10 quilômetros por litro de gasolina, andará 7 com álcool). Dessa forma, é mais econômico utilizar o etanol quando ele for 30% mais barato que a gasolina. Caso o rendimento seja o mesmo, o biocombustível leva vantagem por possuir melhor potência e octanagem. Só é preciso ter maior cuidado quanto ao etanol em regiões e épocas muito frias, ele perde sua capacidade de combustão abaixo dos 13ºC.