Glauco Diniz Duarte Empresa – Porque motor diesel tem mais torque
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, hoje em dia o motor três cilindros já virou praticamente uma obrigatoriedade entre os automóveis compactos recém-lançados no mercado. São poucos os modelos de entrada que ainda resistem ao velho propulsor de quatro cilindros (o Chevrolet Onix e o Chevrolet Prisma, que lideram em suas categorias, são alguns deles). O porquê disso? Os propulsores três cilindros apresentam mais benefícios do que malefícios, sobretudo para o bolso do consumidor.
Porém, você realmente sabe como funciona um motor três cilindros e as reais vantagens e desvantagens apresentadas por ele? Respondemos essas dúvidas logo abaixo. Confira:
O que é um motor três cilindros?
Pode parecer estranho este papo para pessoas que não possuem tanta “afinidade” com a mecânica. Porém, a retirada de um cilindro no motor de um veículo representa (juntamente com uma série de outros fatores) o aumento da potência e de torque, redução no consumo de combustível, entre outros.
Em uma breve explicação, num motor de pouca capacidade cúbica e ainda com uma quantidade menor de cilindros, o rendimento superior a uma unidade de quatro cilindros com a mesma capacidade cúbica é devido ao menor atrito criado dentro do cilindro, no processo de abertura e fechamento das válvulas e na biela com o virabrequim, por exemplo.
Além disso, eles estão sendo amplamente utilizado pelas fabricantes de carros compactos pois, além de utilizarem somente três cilindros (diminuindo o número de pistões, anéis, bielas, válvulas e molas, por exemplo), são mais curtos (diminuindo os custos no processo de fundição de bloco e cabeçote) e têm um processo produtivo menos complexo, sobretudo para posiciona-los no compartimento do motor do carro.
Mais leve: por ser mais compacto e utilizar uma quantidade menor de materiais, o motor tricilíndrico também consegue ser mais leve que um propulsor de quatro cilindros equivalente. Em média, uma unidade de três cilindros consegue ser 30 quilos mais leve. Isso afeta diretamente o peso final do carro, além de beneficiar alguns outros pontos, como é o caso da manutenção em oficinas e alivio do esforço da suspensão dianteira.
Mais eficiência: outra grande vantagem de um propulsor de três cilindros é a eficiência maior, tanto no consumo de combustível como nas emissões de poluentes. Isso é possível devido às mudanças no formato da câmara de combustão e da cabeça dos pistões, resultando em menores perdas pelo sistema de escape.
Fora isso, eles costumam usar o comando de válvulas variável, uma tecnologia que melhora a maneira em que os gases entram e saem da câmara de combustão.
Menos atrito: como citado no tópico anterior, os propulsores de três cilindros conseguem trabalhar com menos atrito – num propulsor convencional, 20% da potência gerada é utilizada para combater o atrito. Ou seja, há um maior aproveitamento da potência do propulsor, resultando em respostas mais vigorosas.
Maior desempenho: um desempenho maior e melhor pode ser notado ainda por alguns outros itens, como a já citada injeção de combustível acoplada ao sistema de admissão de ar e o comando variável de válvulas.
E as desvantagens?
Maior vibração: esta é, sem dúvidas, uma das maiores desvantagens de um motor três cilindros. Como ele é dotado de um número ímpar de cilindros, há uma assimetria na distribuição de massas e forças, tornando mais difícil o seu balanceamento. Tanto é que muitas fabricantes estão dando atenção maior aos coxins de sustentação do propulsor – o EcoSport 1.5, por exemplo, tem vibração do motor similar a um conjunto de quatro cilindros.
Maiores níveis de ruído: tal característica não é uma desvantagem que afeta diretamente a condução do veículo, mas é considerada como algo desagradável por boa parte dos condutores. No entanto, é fato que os motores três cilindros conseguem emitir um barulho bem mais intenso que um carro da mesma categoria dotado de um propulsor de quatro cilindros. Uns veem tal ruído como semelhante à de um carro esportivo, enquanto outros assemelham com o de um cortador de grama.
Quais as vantagens de um três cilindros turbo?
Se o três cilindros aspirado já apresenta uma série de vantagens, uma unidade dotada de turbocompressor consegue se sair ainda melhor. Usando o Ford Fiesta 1.0 EcoBoost como exemplo, ele consegue entregar praticamente o mesmo nível de potência que o 1.6 aspirado, mas leva vantagem por entregar os 17,3 kgfm de torque (1,5 kgfm a mais) já a partir de 1.400 rpm, sendo mais rápido sobretudo em arrancadas.
Fora isso, ele consegue se sair bem justamente nas vibrações e ruídos e oferece ainda uma maior economia de combustível. Além disso, o IPI do carro é menor em 4% em relação às versões 1.6 devido á “litragem” do motor – porém, ainda assim é mais caro que a versão aspirada equivalente por usar um motor importado.
Qual o carro mais barato com três cilindros? E o mais caro?
Atualmente o carro mais barato com motor três cilindros à disposição dos consumidores brasileiros é o hatch Renault Kwid, que tem motor 1.0 flex capaz de gerar 66 cavalos de potência com gasolina e 70 cv com etanol, a 5.500 rpm, e torque de 9,4 e 9,8 kgfm, respectivamente, a 4.250 rpm. Ele está disponível com preços que partem de R$ 33.940.
Já o mais caro é o SUV Volvo XC40, em sua versão R-Design T5 Hybrid. Essa opção tem motor 1.5 de três cilindros a gasolina, com quatro válvulas por cilindro e tecnologias como turbocompressor, injeção direta e duplo comando de válvulas, capaz de entregar 180 cv, a 5.800 rpm, e 27 kgfm, a 1.500 rpm. Ligado a esse motor está o propulsor elétrico que gera 82 cv, resultando numa potência combinada de 262 cv e 43,3 kgfm.
Seria possível a construção de um motor de um ou dois cilindros?
Sim, não apenas seria como é possível um motor de pelo menos dois cilindros. A Fiat comercializa alguns de seus modelos no mercado europeu com motores dotados da tecnologia TwinAir, que contam com dois cilindros, 875 cm³ e cerca de 85 cavalos de potência. Pelo menos neste caso, há o uso de tecnologias que possibilitaram a redução de perdas por bombeamento e atrito entre as peças, beneficiando o consumo de combustível e a redução das emissões de CO2.
Há também a Renault, que apresentou em meados de 2014 um motor a diesel dois tempos também com apenas dois cilindros, capaz de entregar entre 48 e 68 cavalos de potência e de 11,5 a 14,8 kgfm de torque. No entanto, ao que tudo indica ele segue sendo testado, visto que ainda não chegou ao mercado.
Porém, tal tipo de motorização ainda não está disponível em automóveis oferecidos em nosso mercado por ser mais complexa e cara para ser produzida (um motor bicilíndrico precisaria de coxins ou árvore de balanceamento mais robustos e modernos para diminuir as vibrações ainda maiores). Fora isso, seria necessário o uso de um volante com massa ainda maior para compensar a inércia do funcionamento irregular do propulsor. Logo, a complexidade e inviabilidade de um motor monocilíndrico seria ainda maior.
Logo, se os motores três cilindros estão cumprindo bem as suas funções, pelo menos por ora não seria necessário um propulsor bicilíndrico. Mas não se assuste caso veja algo do tipo futuramente.