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GLAUCO DINIZ DUARTE – Delphi testa motores diesel-gás para ‘pesados’

A indústria de autopeças Delphi, com sede em São Caetano, está em fase final de testes no Brasil para o desenvolvimento de motores diesel-gás para a América Latina. A nova tecnologia vai permitir que caminhões e ônibus possam ser movidos com óleo diesel e GNV (gás natural veicular). A opção do GNV atualmente está disponível comercialmente para a utilização em automóveis e veículos leves a gasolina, álcool ou gasolina-álcool (bicombustível) e por ônibus, neste último caso com motores 100% a gás.

Uma das vantagens de utilização do motor diesel-gás, segundo especialistas, é que com o veículo rodando a GNV, o nível de emissão de fumaça preta se reduz praticamente a zero. Além da questão ambiental, há benefícios previstos também para a economia, já que o Brasil é auto-suficiente na produção de gasolina, mas precisa importar diesel para consumo interno.

Segundo o gerente de qualidade e projetos especiais da companhia, Vicente Pimenta Júnior, o fato de se ter a opção de gás e diesel dará ao veículo uma autonomia maior. “Há ainda poucas cidades com postos GNV”, afirma Pimenta Júnior. Atualmente são 953 postos com o combustível no país, que atingem 117 municípios em 16 Estados. O diretor da seção Rio de Janeiro da SAE Brasil Sociedade de Engenharia da Mobilidade, associação dedicada a disseminar novas tecnologias na área automotiva, Jean Marques Gomes, avalia ainda que a falta de uma malha de postos de gás mais extensa no país provoca perda do valor de revenda nos veículos com motor 100% gás veicular.

Gomes considera que o diesel-gás pode ser uma solução interessante, para maximizar o uso do gás na área de caminhões e ônibus. Ele ressalta que há gargalos a serem superados, como o custo dos tanques de GNV e das modificações no veículo, que incluem a exigência de gerenciamento eletrônico.

Mas poderá haver outros benefícios para os usuários da futura tecnologia diesel-gás. A Petrobras anunciou recentemente que o gás deverá ter preço para frotistas correspondente a 55% do valor do diesel. Com isso, o empresário dono de frota poderá ter vantagem de 15% com o consumo do GNV, segundo cálculos da DaimlerChrysler, fabricante de ônibus 100% a gás.

A expectativa da Delphi é colocar o equipamento no mercado no final de 2006. Já há interesse de montadoras no projeto, segundo o gerente da empresa. Pela tecnologia em testes, o veículo pesado equipado com o sistema utilizará diesel nas partidas e, depois, o gás começa a ser injetado. Com isso, o veículo poderá rodar tanto com 100% de diesel quanto com 5% e o restante de GNV. O motor também poderá receber o biodiesel (diesel extraído de vegetais, como soja ou mamona) na mistura com o óleo diesel mineral.

Tricombustível – General Motors e Volkswagen já anunciaram o lançamento de automóveis tricombustível, ou seja, com motor a gasolina, álcool e GNV. A GM lançou no final de 2004 o Astra com essa tecnologia e a Volks deverá lançar ao público neste ano o Polo Sedan Tri Fuel, que também sairá de fábrica com o kit GNV instalado. Além disso, a VW colocou à disposição no ano passado para quem adquire o modelo Santana (a gasolina ou álcool) em revendas da marca homologadas do Rio de Janeiro e Minas Gerais a oferta do kit GNV já instalado gratuitamente e com garantia de fábrica.

Para o presidente da Abegas (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás), Romero de Oliveira da Silva, a comercialização do gás veicular poderá dar um salto com a entrada das montadoras nesse mercado, ao passarem a produzir o veículo já com o kit.

Entre 2003 e 2004, a consumo do gás veicular cresceu 15,9%, para 1,58 bilhão de m³ no ano passado, e o número de carros convertidos pelas oficinas credenciadas aumentou 28%, para 827 mil veículos até dezembro de 2004. A previsão do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás) é de que deverão ser 1 milhão de conversões até o final deste ano. Silva também avalia que, à medida que a malha de postos crescer, haverá estímulo maior para a adoção do combustível alternativo.

A empresa de entregas expressas DHL converteu no início deste ano a frota de 40 utilitários Doblò das filiais de São Paulo e do Rio de Janeiro para GNV. Segundo o analista operacional, Nelson Castanho, a rede de postos GNV nas duas regiões metropolitanas favoreceu a opção da companhia. “No estudo de viabilidade verificou-se que teríamos economia de 40% com consumo de combustível.”

Castanho projeta redução de gastos de aproximadamente R$ 200 mil anuais. Ele afirma ainda que o custo da conversão (R$ 2,8 mil por veículo) será diluído no valor de aluguel pago pela DHL – os veículos usados pela empresa não são próprios, e sim locados. Outras filiais poderão ter a conversão, à medida que haja mais postos GNV.

GLAUCO DINIZ DUARTE - Pesados
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