GLAUCO DINIZ DUARTE Conhecimento em gestão empresarial proporciona negócio duradouro e próspero
Você já tem a ideia e criou coragem para tirá-la do papel. Diante do volume de tarefas que vem pela frente, os primeiros passos são fundamentais para um começo tranquilo e saudável. Apesar das preocupações práticas que fazem parte do dia a dia de qualquer empresa, como ter um bom plano de negócios e uma boa estrutura operacional , você só vai ter um bom desempenho se analisar o mercado antes. Para Eduardo Vilas Boas, Diretor de negócios da Empreende, empresa de Consultoria e Treinamentos, o importante é conhecer a fundo o seu negócio e o mercado em que ele está inserido. “Não faz parte da gestão em si, mas conhecer o mercado é fundamental. Quando se faz isso, o aprendizado no decorrer dos processos será mais fácil”, explica. Segundo Cleverson Renan da Cunha, Coordenador de MBA em Gestão Estratégica da UFPR, uma estratégia eficiente é trabalhar em uma empresa compatível com o mercado que você quer investir. “Por que não trabalhar três ou quatro meses em uma empresa para conhecer os processos e adquirir experiência na área em que se quer empreender? É possível, inclusive, entender sobre a concorrência com esse processo”, completa.
Além de ter uma visão ampla de mercado, para um negócio dar certo, é preciso desvendar o cliente. Só assim será possível traçar estratégias que influenciam diretamente na gestão operacional e financeira. “Se você vai empreender em um negócio que exige uma loja física, é preciso conhecer bem o bairro em que ela está localizada, conhecer a rotina e o comportamento dos consumidores e então entender as possibilidades e o potencial desse cliente. Conhecendo o comportamento dele, você vai fazer as compras certas das mercadorias e não vai criar um grande estoque, por exemplo. Não adianta saber como gerenciar as finanças ou fazer a gestão de pessoas se você não conhece o cliente”, completa Antero Matias, Coordenador do Farol Empreendedor, projeto de estudos em empreendedorismo da Universidade Metodista de São Paulo.
Gestão financeira
De acordo com Matias, os três pilares da gestão financeira são: custo, despesas e receita. “O custo fixo é tudo o que está ligado diretamente à produção. O custo variável é tudo o que não está ligado diretamente à produção, como por exemplo, o valor de um funcionário extra para suprir determinada demanda. E a receita é tudo o que se entende por lucro. O grande desafio é manter os custos fixos e reduzir o custo variável”, explica.
Para Eduardo, é muito comum atualmente o empreendedor investir o valor de FGTS na abertura do negócio, mas o profissional alerta para a importância de “poupar uma parte desse valor para não precisar recorrer a terceiros, como bancos, que apresentam valores de juros bem altos”. Vilas Boas acredita ainda que “as pessoas pensam que saber sobre finanças é apenas saber sobre o dinheiro, mas também é organização”. Matias completa e explica que “é preciso tirar uma ou duas horas após o expediente para organizar o que aconteceu no dia, não apenas para ter controle, mas também para ter margem de decisão do que fazer no dia seguinte. Os empreendedores precisam ser menos operacionais e mais gestores.”
Gestão de pessoas
Para empreendedores que terão uma equipe ao lado, ter conhecimento em gestão de pessoas é fundamental para manter a empresa saudável e com colaboradores engajados no projeto. “É preciso saber sobre o burocrático, por exemplo, qual é a melhor forma de contratar as pessoas e quanto vou gastar com isso, mas também é preciso saber como vou motivar essa equipe”, esclarece Vilas Boas. Já Matias pondera que, mais do que o valor de salário, a independência em alguns processos é uma das formas de manter o funcionário motivado. “A autonomia para resolver problemas e a possibilidade de tomar decisões é muito importante para o funcionário. Mas, para eu ter um colaborador que possa tomar decisões, eu preciso selecionar adequadamente meus parceiros. Muitas vezes, o vizinho ou o conhecido não são as melhores escolhas. Existem muitos profissionais capacitados hoje no mercado”.
Empreendedores que investem em negócios com familiares precisam ter atenção para algumas particularidades sobre a gestão de pessoas. “É importante alinhar as expectativas e entender muito bem como vai ser o expediente. Será preciso trabalhar de noite? Quem vai trabalhar então? Além disso, tem o conflito de gerações. Muitas vezes o pai tem uma expectativa e o filho tem outra. É preciso ter alinhamento psicológico e de energia em uma gestão familiar”, diz Vilas boas.
Marketing
O marketing também faz parte dos pilares da gestão de um negócio. Graças a ele a marca parecerá e chegará às pessoas certas e, consequentemente, vai gerar lucro. Por isso, planejamento e profissionalismo são essenciais para obter resultados positivos. “Muitas pessoas estão investindo nas redes sociais, que se apresentam como uma solução mais barata. Porém, elas estão cada vez mais profissionais. É preciso ter constância nas postagens e manter um padrão estético. Não é possível ter resultado postando uma vez ao mês e de qualquer forma”, pontua Vilas Boas.O método tradicional, que é estar presente e fazer parte do atendimento, conhecendo e conversando com o cliente, ainda é válido.
Metas
Muitos empreendedores acreditam que definir e atingir metas é importante e em um negócio. Segundo especialistas, eles não estão errados em pensar assim. Mas é preciso ficar atento. “Elas (metas) são importantes, mas não podem engessar ou paralisar. Com o dia a dia da empresa, oportunidades vão surgindo e você não pode deixá-las passar porque não se enquadram ou vão atrapalhar aquilo que foi estipulado lá no início”, acredita Vilas Boas.
Inovação e capacitação
Para os especialistas, o SEBRAE continua sendo uma das principais instituições de apoio ao empreendedor. É possível ter cursos básicos de gestão de finanças, marketing e gestão de pessoas, por exemplo, além de fazer networking.
Para Cunha, “é muito importante se preparar ao longo do processo. E, se existirem sócios, uma solução para uma gestão eficiente é dividir as competências com eles, proporcionando que cada um cuide de uma área que tenha mais afinidade.”
Para Matias, é prudente analisar os investimentos em tecnologia e ponderar se, de fato, vai ajudar o negócio: “não adianta eu ter um aplicativo que pode me gerar um monte de números se eu não consigo interpretá-los. Eu ainda acho que o Excel, com os sistemas de planilhas e abas, é uma boa ferramenta. Mas é preciso disciplina e organização.”