GLAUCO DINIZ DUARTE – GE aumenta a aposta no Brasil

Jack Welch, o todo poderoso CEO que presidiu a General Electric por 20 anos, não gostava do Brasil. Seu sucessor, Jeffrey Immelt, também não. “Não é nada pessoal”, diziam. Apenas não gostavam das dificuldades de fazer negócios e das turbulências do mercado no País.

Duas viagens de Immelt depois, incluindo um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o País acaba de ser alçado a QG da multinacional na América Latina, desbancando o México. Para presidir a região, foi escalado um brasileiro, Marcelo Mosci, que a partir de 2007 atenderá na sede da empresa, na Av. Nove de Julho, em São Paulo.

“O Brasil representa um terço dos negócios da empresa na região, o equivalente ao México. Mas o potencial de crescimento aqui é visto como muito maior”, afirma o presidente da GE do Brasil, Alexandre Silva.

Nos últimos quatro anos, a GE do Brasil cresceu 100% – sendo 40% em 2005 e 20% este ano -, alcançando um faturamento de US$ 2,5 bilhões. O executivo conta que Immelt, cuja última visita ocorreu no início deste ano, ficou “impressionadíssimo” com Lula. E que turbulências políticas, como o mensalão, não o impressionam. “Ele acha bom que essas coisas venham à tona e sejam discutidas publicamente, porque acredita que o Brasil se sairá melhor desses episódios.”

Mudança

A aposta de crescimento em países emergentes marca uma mudança na postura da GE, que durante a era Welch (1981-2001) estava mais voltada para os EUA. Hoje, 52% dos negócios vêm do resto do mundo. A meta é chegar a 60%. Em termos porcentuais, a participação do Brasil pode parecer pequena: 1,5%. Mas, em se tratando de GE, gigante que fatura US$ 160 bilhões, qualquer ponto porcentual representa muito.

“Os tempos eram outros e Welch não via potencial de crescimento nem no Brasil nem na China”, diz Silva. “Immelt, que é cria de Welch, é um curioso e quis conhecer de perto a realidade brasileira.” Uma das primeiras medidas de Immelt em relação aos países emergentes foi trocar executivos americanos por locais. “Havia 40 americanos no Brasil, hoje só tem um”, diz Silva, que assumiu a presidência no Brasil pouco depois de Immelt assumir o comando do grupo.

Ao mesmo tempo em que dá mais peso às operações internacionais, a GE colhe os frutos de uma estratégia desenhada por Welch, de deixar de ser apenas um fabricante de produtos para investir em serviços. Hoje de 20% a 25% das receitas da companhia saem de serviços – na maior parte manutenção de equipamentos como turbinas, geradores e locomotivas fabricados pela própria GE. E quase metade do lucro vem de serviços financeiros, que vão de leasing de aeronaves a crédito pessoal.

Enquanto na era Welch a GE tinha como meta ser líder ou vice-líder mundial em todas as áreas de atuação, Immelt só pensa em “crescer e crescer”. “Quando você é líder, não tem muito mais por onde crescer”, diz Silva. Nessa busca por novos mercados com potencial de crescimento, a empresa criou a linha Ecoimagination. São produtos ecologicamente corretos – como plásticos biodegradáveis ou lâmpadas econômicas. A linha fatura US$ 10 bilhões por ano. Até 2010, a meta é ampliar as vendas para US$ 20 bilhões