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GLAUCO DINIZ DUARTE – Entenda os “7 desperdícios” que uma empresa pode ter

Uma das bases do sistema lean, ou mentalidade enxuta, é a busca pelos desperdícios que podem ocorrer cotidianamente numa empresa. O conceito é extremamente simples: desperdício é tudo que consome recursos, mas não agrega valor ao cliente. Difícil é eliminá-lo.

Um grande problema dos desperdícios é que eles, na grande maioria das vezes, ficam escondidos em meio aos processos produtivos. E como encontrá-los é obviamente o primeiro passo para combatê-los e eliminá-los, isso muitas vezes não é uma tarefa das mais simples, pois eles se disfarçam de diversas formas.

Processos confusos misturam trabalho útil (que agrega valor) com desperdícios, perpetuando formas “antigas”, que são “herdadas”. As pessoas estão sempre atarefadas e passam a considerar “normais” ou “aceitáveis” formas extremamente ineficientes de realizar o trabalho – simplesmente porque sempre foi assim.

Uma boa dica para combater isso é tentar visualizar os “7 tipos de desperdícios” que podem ocorrer cotidianamente numa empresa. Trata-se de um conceito pioneiramente desenvolvido por Taiichi Ohno (1912-1990), um dos principais executivos da trajetória da Toyota, considerado um dos criadores do inovador sistema de gestão da montadora que deu origem à filosofia lean, autor de diversos livros sobre o tema.

Pois vamos tentar entender, então, os “7 desperdícios” explicitados por Ohno:

  1. Produção em excesso

É quando a empresa produz mais do que precisa para atender o cliente. Cada etapa deve produzir exatamente, nem mais nem menos, o que pede ou exige o processo seguinte, de forma que a cadeia de valor atenda à demanda real. Trata-se da “mãe” de todos os desperdícios, pois acaba agravando todos os demais. Produzir em quantidade ou ritmo maior do que o necessário utiliza recursos desnecessariamente, gera estoques, deslocamentos etc., consumindo capacidade que deveria ser utilizada para fazer o que o cliente deseja.

  1. Espera

O ideal do sistema lean é que todos os processos ocorram em fluxo contínuo, entregando rapidamente para o cliente, sem interrupção. Esse desperdício ocorre quando alguém ou algum equipamento que deveria estar produzindo não está fazendo nada. Pessoas paradas, máquinas paradas… uma grande ineficiência. Observe atentamente em qualquer local de trabalho, seja chão de fábrica ou escritório. É fácil ver pessoas esperando materiais, informações etc. Isso acontece de forma bem mais frequente do que parece. Um dos principais motivos é a instabilidade e o desbalanceamento entre etapas, que fazem com que ocorra o “corre-para” ao longo de toda a cadeia.

  1. Processamento desnecessário

É quando fazemos, para se produzir algo, ações que não precisariam ser feitas. Que mesmo que fossem eliminadas, não fariam a menor falta. Por exemplo, pessoas conferindo coisas que já foram conferidas anteriormente. Ou processos que faziam sentido em determinadas situações, mas foram mantidos, mesmo tendo sido mudadas as condições. Por exemplo, tratamentos estéticos em partes que não são visíveis, proteções que eram necessárias quando as peças aguardavam muito mais tempo em estoque, furações para acessórios que não são mais utilizados etc.

  1. Estoque

Produtos ou serviços são feitos para serem consumidos. É assim que a empresa atende os clientes e tem sua remuneração. Se o que é produzido não é consumido – seja pelo consumidor final, seja pelo processo seguinte numa cadeia produtiva – temos estoques, um dos principais indicadores de um sistema com problemas. O custo financeiro de capital parado e não vendido é o desperdício mais evidente. Mas o estoque esconde vários outros problemas, por exemplo, ao retardar a detecção de defeitos, gerando muitas vezes retrabalhos em grandes lotes.

  1. Transporte

Quem atua com logística sabe o trabalho e o custo que se tem para movimentar materiais numa organização – seja interna ou externamente. Então, é um grande desperdício fazer qualquer tipo de transporte que poderia ser evitado. É quando, por exemplo, há movimentos de matérias-primas dentro de uma fábrica sem necessidade, frutos de fluxos truncados, estoques intermediários e distantes das linhas de produção, e esquemas de abastecimento ineficientes.

  1. Movimentação

De forma similar, movimentos de pessoas sem necessidade também são desperdícios: consomem tempo que não está sendo usado para produzir, para criar valor. O ideal é que todo o movimento de um trabalhador seja usado para produzir, para criar valor. Por exemplo, ficar procurando uma ferramenta dentro de uma fábrica é perda de tempo. Ou estações de trabalho distantes, decorrentes de layouts que comportam enormes estoques entre operações, e que exigem que as pessoas deem muitos passos desnecessários, várias vezes, chegando a andar quilômetros num dia.

  1. Correção

O ideal, num processo produtivo, é produzir certo “da primeira vez”. Pois assim, é claro, não será preciso produzir de novo. O sétimo desperdício identificado por Ohno é um dos que mais ocorrem nas organizações tradicionais: gastar tempo, gente e recursos para refazer, corrigir ou retrabalhar o que foi feito

de forma errada. Isso envolve uma série de desperdícios típicos de processos produtivos cheios de falhas: necessidades de inspeções, manejos de refugos etc.

Os exemplos são muitos e diversificados. Vão depender do tipo de empresa, do produto, do serviço… mas os desperdícios mais comuns são esses.

Agora, então, é a sua vez. Vamos colocar a mão na massa? Quais desses 7 desperdícios ocorrem cotidianamente na sua organização? Dar consciência a todos sobre a existência desses desperdícios e criar uma sensação de inconformismo são os primeiros passos para eliminá-los.

 

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